1- VISÃO ESPÍRITA: QUEM SOMOS
Desde sempre que o Homem procura respostas para as suas angústias e para o sentido da sua existência. A necessidade de auto – conhecimento orientou essa busca. A ciência, a filosofia, a religião, trouxeram grandes contributos na resposta à grande questão: ‘Quem Somos? ‘.
Filosofias materialistas surgiram na defesa de que o homem é só matéria. Filosofias espiritualistas admitiram que o homem é algo mais do que matéria. Com o Livro dos Espíritos, publicado a 18 de abril de 1857, a Doutrina Espírita vem esclarecer de uma forma lógica e racional, a Natureza do Homem.
No prefácio do livro Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos a anúncio do Espírito da Verdade revelando o verdadeiro caráter e a finalidade de toda a obra da Codificação, exortando-nos à grande reforma moral necessária para o progresso de toda a Humanidade: “ As grandes vozes do céu ressoam com o toque da trombeta, e os coros dos anjos se reúnem. Homens, nós vos convidamos ao divino concerto; que vossas mãos tomem a lira, que vossas vozes se unam, e, num hino sagrado, se estendam e vibrem, de um extremo do Universo ao outro (…)”
Somos seres espirituais, eternos, em progresso, em aprendizagem, temporariamente com um corpo físico no planeta Terra. A nossa verdadeira natureza não é material: é espiritual. “O estado espiritual é a situação normal do Espírito, pois esse deve ser o seu estado definitivo, e porque o corpo espiritual nunca morre. O estado corpóreo é apenas transitório, passageiro.” - diz-nos Allan Kardec no item 10 da obra O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo.
Somos criação divina: Deus criou-nos simples e ignorantes, inscreveu na nossa consciência as Leis Morais e submeteu-nos à Lei do Progresso para evoluirmos rumo à perfeição. Seremos verdadeiramente felizes quando nos tivermos desenvolvido plenamente em inteligência e moralidade, isto é, quando tivermos superado as nossas imperfeições.
A reencarnação é o processo pelo qual se opera o aperfeiçoamento espiritual e se cumpre a justiça de Deus. Pela reencarnação, o Espírito nasce, cresce e morre na Terra, no corpo físico, para depois regressar ao mundo espiritual e, um dia, voltar a nascer, a crescer e a morrer, e assim sucessivamente, até à perfeição. É pela reencarnação, através das provas e das expiações, que resgatamos os erros cometidos no passado: esta é a oportunidade para a transformação moral e a iluminação do Espírito como Kardec continua a esclarecer-nos na obra O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo: “O estado corpóreo e o estado espiritual são para ele as duas fontes de progresso que se desenvolvem solidárias. É por isso que ele passa alternadamente por esses dois modos de existência.”
Somos seres livres, co – criadores com Deus, portadores de livre – arbítrio, para realizarmos na Vida o que elegermos como preferível.
Como consequência natural da nossa liberdade, não ficando isentos de responsabilidade, respondemos pelas consequências de cada uma das nossas opções – semeamos e colhemos. O acaso e a fatalidade não existem. No Livro dos Espíritos, na pergunta 919, Kardec coloca a seguinte questão: “ Qual o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal?” e os Espíritos Superiores responderam: “Um sábio da Antiguidade vos disse: Conhece-te a ti mesmo.” E, de seguida, Kardec perguntou: “(…) Qual o meio de se chegar a isso?” E a resposta foi: “ – Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra; no fim de cada dia interrogava a minha consciência, passava em revista o que havia feito e perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever, se ninguém teria tido motivo para se queixar de mim. Foi assim que cheguei a conhecer-me e ver o que em mim necessitava de reforma.”
Somos seres com a missão de cumprir os nossos deveres como homens e mulheres que querem criar uma sociedade mais feliz e harmoniosa. Em todo o Universo, “por toda a parte deparamos com a atividade, desde o mais baixo ao mais alto da escala, todos instruindo-se, ajustando-se mutuamente, apoiando-se e dando-se as mãos para atingirem o alvo.” - explica-nos novamente Kardec no item 15 da obra O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo. Assim é com todos os seres inteligentes do Universo que procuram viver a Vida em plenitude.
Somos filhos de Deus em interação: estamos em contínua relação com todos os seres do Universo e damos vida à fraternidade entre os homens na Terra e com os Espíritos, livres do corpo, no Espaço. “Assim perpetuam-se e consolidam-se, pela depuração e pela continuidade das relações, as verdadeiras simpatias e as mais sagradas afeições.” Afirma-nos Kardec na mesma obra.
Somos seres predestinados à felicidade, à perfeição. O Céu e o Inferno não são lugares físicos, mas são estados de consciência e, como tal, a felicidade “está em toda a parte onde existem Espíritos capazes de ser felizes. Nenhum lugar determinado existe para ela no Universo.” (Allan Kardec, O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo, Item 15)
Para crescermos, progredirmos, como Espíritos, Deus enviou-nos Jesus, o qual, pelas Suas vivências traçou o roteiro para que cada um ao compreendê-Lo, no íntimo do seu Ser, possa também compreender quais as opções que o farão feliz e tornarão também os outros felizes.
Meditemos pois nos exemplos da vida de Jesus e nas nossas próprias vidas e que a Paz de Jesus, nosso amado Mestre, possa ser recebida e alimentada, hoje e sempre, nos nossos Espíritos!